sábado, 16 de fevereiro de 2013

Analise:Cronicas do amor impossivel


Jardim, com seus versos em primeira pessoa e transfigurados em prosa nos permite uma confissão maior e mais apurada do estado da alma. É clara sua intenção em expressar o deplorável estado psicológico em que o eu encontra-se. ”levo comigo o teu último beijo. 14 horas, 19 de março, comecei a morrer.". Um ponto que não deve ser ignorado é como o poeta trabalha esse amor perdido. Freud expõe que a perda de um amor iguala-se, dum certo modo, à morte física. Um estado de luto, onde a tristeza prevalece.
Há, no entanto uma luta constante para permanecer vivo. Uma recusa em permanecer neste estado, em se tornar mais um objeto no mundo. O poeta faz um inventário de suas perdas e ganhos. Ao tratar a dor que o consome tem sempre em mente que a desconstrução abre o espaço para o novo, para a superação, que a vida não pode e não deve ser em vão" se o agora é inconsistente me volto para o futuro que desconheço."
O autor sempre traz para o texto suas perdas, os versos sugerindo um vazio interior, uma desilusão ”estranha liberdade que me torna insensível ao azul do céu, que esconde meus alicerces ruídos, minha casa incendiada". São palavras duras e mansas, estrategicamente posicionadas uma contra a outra que se referem a tudo que se perdeu e a tudo o que poderá vir, no futuro, ainda que incerto, diferente do presente, de seu momento atual.
Sem pudores, expõe sua nudez, sua vulnerabilidade, sua fragilidade, sua solidão. Como quem se enxerga, diante de um espelho e constata a existência de inúmeras perguntas irrespondíveis.
Impelindo pela sua permanente inquietação, sente que, apesar de tudo, é preciso continuar para além da curva da estrada. É preciso ir ao encontro do jardim, ir além do passado, apesar da constatação do sonho fragmentado.
É uma poesia intensamente musical. Faz uso de um vocabulário áspero e utiliza um tom muitas vezes interrogativo, muitas vezes negativo, por vezes irônico. É também uma poesia que faz uso de uma linguagem fortemente simbólica, onde abundam metáforas inesperadas e os paradoxos desconcertantes, convidando ao leitor a decifrar seus enigmas a se lançar no arriscado vôo de Ícaro.
Autor: Sergio Almeida

Poesia, sempre mexendo e emocionando pessoas, até as mais resistentes ao amor.
Analise Gabriel Zanata

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